segunda-feira, 24 de junho de 2013
Filhote de Barrabás - 12
Filhote de Barrabás - 11
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Filhote de Barrabás - 10
Filhote de Barrabás - 9
Filhote de Barrabás - 8
Café caí de bunda na lama e usa os calcanhares para se afastar, ainda sentado, da pequena criatura cor de prata fosca que parecia se espreguiçar no bauzinho. O bicho soltou um guincho e escalou para fora da arca, tossindo um pó prateado fininho. O diabinho olhou com desprezo para Tenório e mergulhou numa montanha de bosta de galinha que havia no canto do galinheiro. Foi a deixa para nosso herói investigar a arca dourada. Uns dobrões de ouro, um dedal antigo com pó de prata, um velho papel quebradiço, que falta fez a escola agora, uma caixinha de osso... Mas antes de abri-la, Café sente uma fisgada na sola do pé: o diabinho estava mamando sangue no furo purulento do prego.
Filhote de Barrabás - 7
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Filhote de Barrabás - 6
Filhote de Barrabás - 5
Filhote de Barrabás - 4
Filhote de Barrabás - 3
Filhote de Barrabás - 2
Filhote de Barrabás - 1
terça-feira, 11 de junho de 2013
50
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Mendigo, malandro, muleque, mulambo bem ou mal
Cantando
Escravo fugido, um louco varrido
Vou fazer meu festival
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Poeta, palhaço, pirata, corisco, errante judeu
Cantando
Dormindo na estrada, no nada, no nada
E esse mundo é todo meu
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
49
segunda-feira, 10 de junho de 2013
48
Blaaaarg, fez-se ouvir o jato que nascia no intestino de Carlos e atravessava seu corpo para depois banhar a casa de Galato. Este, incólume diante da cena, nada fez senão observar a cena se repetir três vezes. Estava acostumado com a podridão, aquilo era sua vida e era dessa energia que ele se alimentava. Gostava de sentir o cheiro daquilo tudo. Pedro Juan fumava continuamente e às vezes dava a impressão que vomitaria também. O pobre diabo então se recompôs e perguntou se poderia usar o banheiro, lavar um pouco o rosto. Quando chegou no banheiro, Carlos se olhou no espelho e como há muitos anos não fazia, prestou atenção em seu rosto. Lembrou da infância, do velho pai Camélio - "por onde andará papai?" -, enquanto sentia o gosto ácido do vômito corroendo a traquéia. Notou uma navalha sobre a pia, enfiou-a no bolso e virou-se na direção da porta. Estava na hora de mostrar que ele até podia ser pobre, mas que estava disposto até a matar para não morrer com um diabo.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
E assim, o fidalgo da vala narra sua busca na selva pelos responsáveis pela surra. Quando descobriu que eram seus patrões do terreiro, ficou confuso, aquela desova ia contra aquilo pelo o que ele era pago pra fazer. "Jamais deixe sangue comum pernoitar na vala" essa era a número um das duas regras básicas que Pai Inocêncio de Sete Gangas lhe passara ao contratá-lo.
Porém, o desenrolar da coisa foi muito mais macabro. Quando Eusébio procurou Carlos pela tarde, já estava mancomunado com Inocêncio, pois o crioulo, medroso que só, havia jogado toda a culpa sobre o pobre diabo. O objetivo do negão seria lhe rogar uma maldição braba enviada pelo Gangas. Daí o saco de cabeças de pombos que carregava. O que Zezé não esperava era o compadrio de Carlos para com o proprietário do Galo Fêmea. Éder é um grande feiticeiro da Santeria Cubana, desafeto e maior inimigo do Gangas, fato fez Eusébio borrar as enormes celouras.
Claro que ele não era cético e todo aquele tamanhão escondia uma alma fraca e incapaz de se relacionar com humanos, só com seus amados pássaros. Foram os ferros incandescentes que Éder ofereceu para Ogum que afastaram Eusébio, que usou o nem tão raro saíra-sete-cores com uma desculpa mal pensada. Carlos esteve sempre muito protegido. Mas desta forma, por estar marcado para morrer pelo Gangas, sim, sua carcaça poderia apodrecer na vala.
Foi Pedro Juan que, espalhando brasas em Panambu, noticiou a morte do potro endiabrado que havia se esbaldado com ele na noite anterior. Quando soube, Abel ordenou que Bilica e os outros procurassem seu cadáver, pois Abel julgava a vala como um fim indigno para qualquer ser humano. Abel era outro que Inocêncio desejava comeria os rins.
Quando Galato silenciou, Carlos percebeu a satisfação nos olhos e lábios de Pedro Juan, o velho menestrel saboreava cada passagem da desgraça do Pobre Diabo como quem saboreia um faisão assado na primeira hora da madrugada. Toda essa confusão teria o dedo do velho escrevinhador? Teria aquela história sido escrita e todos agora eram peças de uma enorme encenação? Carlos sentiu-se mal com a situação e percebeu que ia vomitar.
46
domingo, 2 de agosto de 2009
45
44
terça-feira, 12 de maio de 2009
43
segunda-feira, 11 de maio de 2009
42
quinta-feira, 30 de abril de 2009
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quarta-feira, 29 de abril de 2009
40
sexta-feira, 24 de abril de 2009
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38
segunda-feira, 20 de abril de 2009
37
quarta-feira, 11 de março de 2009
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
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terça-feira, 20 de janeiro de 2009
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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
25
"Aquele edifício humano e sua obsessão por animais, pro inferno! Ele e seu passarinho colorido, esse crioulo vai ver!". Mas esse não era Carlos. Normalmente iria atrás do pássaro, cagando sua dignidade para se ver longe de problemas. Talvez algo saíra errado no banho de sabugueira, provavelmente seu corpo tenha ficado "aberto" e uma entidade enfurecida se apossou do verme.
E lá foi o pobre diabo, ao encontro de Eusébio. Foi entrando sem cerimônia no zoologico particular do passarinheiro. A medida que ia cruzando as centenas de gaiolas, os animais se arrepiavam e gritavam. Os espirítas acreditam na sensibilidade animal para com as entidades, vai saber. Depois de decifrar um labirinto de jaulas e pocilgas achou a casinha de Eusébio. Por uma fresta na janela, Carlos espreitou e se deparou com o enorme negro, de costas e nu, com sua bunda preta e peluda. Sentiu ainda mais ódio e nojo. Até mesmo uma alma livre de qualquer pudor como Carlos se assombrou com o que viu em seguida. Eusébio tinha um espécie de braço entre as pernas, um cacete tão enorme que não poderia ser humano e trazia um pavão branco empoleirado no membro. Berrando, o furioso diabo irrompe pela janela, assustando Eusébio e o bicho, que apertou a tora do negro com voracidade, arrancando uma lasca do couro da enorme jeba.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
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terça-feira, 13 de janeiro de 2009
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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
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Estupefato, nosso herói demorou a digerir que tão facilmente havia se livrado da pena com Eusébio e por tabela com os pais de santo. Declarou a Éder não crer em tamanha sorte, mas o amigo o convenceu de que Eusébio era sábio e de palavra. O compadre, em comemoração ofereceu uma boa cana envelheciada ao ressuscitado Carlos, que recusou. Para reconstituir sua noitada fatídica era necessário estar sóbrio. A investigação, porém, estava apenas começando. Já sabe que bebeu a tarde inteira, foi ao Galo Fêmea e deveria ter ido ao Gangas com Eusébio. Onde foi parar? Quem seria a mulata esquizofrênica que o abordou na vala? Quem o espancou até ser dado como morto? Muitas perguntas sem respostas. Olhou novamente o poema, era horrível. O papel que ainda não havia lido era uma aposta no jogo do bicho da banquinha da Clodoalda, uma gorda funesta de 220 quilos. Por fim, o papel com o telefone. Vai até o aparelho no balcão do bar e disca os oito números, rezando para que não seja algum barrabás que atenda. Enquanto chama, ele engole a "sebosinha", nome carinhoso dado à coxinha do Galo Fêmea, em duas dentadas. Estava deliciosa.
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Na porta do bar Carlos ameaçou perguntar se fora o enorme tição que lhe desovara no terreno baldio, mas a coragem não veio. Ainda era difícil tocar em assunto tão desgraçado. Carlos sabia dos perigos da raiva e da leptospirose que o cercavam – até HIV achava que poderia ter contraído. Entraram sem cerimônia em busca de Gérson e, como é só pensar no diabo que ele mostra o rabo, lá estava ele, sentado com olhos esbugalhados, cenho enrugado e o cheiro de desinfetante que lhe era peculiar. Carlos ficou feliz de vê-lo ali, pois não sabia o que a noite passada havia reservado ao amigo. Estava catatônico. "Gerson!", gritou. Ele levantou a cabeça incrédulo. "Tinha certeza que estava morto, seu biltre!".
15
Na fazendinha de Eusébio, os animais estavam ouriçados e barulhentos, como se prevessem o mal que estaria por vir. Uma velha coruja-das-torres, ave das mais agourentas, deu seu último pio e morreu. O mais sinistro é que permaneceu empoleirada e de olhos abertos, como uma múmia de rapina.
A propriedade de Eusébio fica um tanto afastada do pequeno centro urbano. Um sítio próspero e muito limpo, apesar das centenas - talvez até milhares de animais que lá habitam. Um enorme pomar e um pequeno lago lamacento, onde ele costuma nadar nu. O descomunal crioulo vivia muito bem. Seguindo pela mesma estrada, que é de barro puro e poeirento, chega-se à enorme propriedade dos pais-de-santo: o Terreiro Sete Gangas. Um grande templo que mistura as mais diferentes vertentes espíritas. Lá pode se mexer desde as mais leves das religiões afro até as mais ocultas. Sabe-se também, que nos domínios do Gangas há altares para Asmodeo e recitais do capa preta de São Cipriano, enfim, um pessoal que jamais deve-se arrumar encrenca. Carlos peidava fino somente em pensar nos terríveis cramunhões engarrafados que lá eram criados. Por sorte, Eusébio parecia estar do seu lado na confusão com o Gangas, e nesse momento delicado, o cético negrão é um bom aliado. As contas entre os dois poderiam ser acertadas com trabalho ou favores sexuais, neste quesito, Carlos não se importava, desde que se livrasse dos mestiços do Gangas.
domingo, 11 de janeiro de 2009
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sábado, 10 de janeiro de 2009
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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
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Nesse instante investigou sua chave e papéis. A chave, sabia muito bem para o que servia e agradeceu por não ter-la perdido, já os papéis... Um telefone desconhecido, sem identificação; um verso de um poema inacabado que o fez recordar do litro de querosene que dividiu com seu colega Gérson na tarde anterior. Antes que pudesse ler o terceiro papel, a voz demoníaca da mulata invade a investigação: "chupador de cacete, me dá atenção!" O linguajar da mulher fez Carlos ter a certeza de que era uma puta, das mais fedorentas... Se não lembrava-se dela, não valia a pena saber por que a canalha o conhecia.
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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
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Acordou. Não sabia onde estava. Antes de despertar, seria facilmente confundido com as carcaças que jaziam à sua volta. Fora jogado em um terreno de desova. Levantou-se, a ressaca impediu-lhe de sentir o cheiro putrefato dos cadáveres em decomposição. Com a garganta cheia de sangue e os olhos doendo, espantou as milhares de moscas que davam rasantes, entravam em sua boca e ouvidos, embaraçavam-se nos seus cabelos. Saiu correndo por um matagal refazendo os passos da última noite.